segunda-feira, 15 de julho de 2013

A indescontrutibilidade do amar

Nunca diga sinceramente que não quer ‘amor’. Como poderia? Em cada letra há um ar de engano. Um erro essencial que nos deixa cada vez mais a parte do que realmente se passa no mundo. No tão aclamado sentido da vida. Não um utópico, mas um real, um que talvez seja a sina mais infame e carnal de nossa alma, arraigada na nossa existência mais intrínseca. Um amor que cai no chão e quebra. Não volta, não dura a atemporalidade. Um impuro, imperfeitos e por isso perfeito para o homem. Talvez procurando alguma bondade em sua origem, o homem deturpou seu significado e tomou para si a ideia e a purificou, revestiu de infalibilidade, pervertendo-a, portanto. Conto-te agora e endereço-me a você leitor: No início tudo era amor e o amor o corrompeu, corroeu, criou a morte, o poder. Ora, o ponto alto de quem ama é morrer por um amor que não pode jamais viver. Quantos devoradores ceifaram dessa terrível pena de amar? Como se nós próprios nos projetássemos à massiva embriaguez do irreal indesconstruível. De uma bala ferida e embebecida esperando apenas por mais alguma derrota no vício louco de arranjar um caminho para estancar a solidão. Mas estamos sozinhos aqui e esse é o apanágio da condição humana. Caso não tenha notado, basta olhar a redor. Somos nós, nós mesmo e mais ninguém, tendo que viver uns com os outros, lá e cá. Não me soa tão mau compartilhar um pouco de amor.

sábado, 1 de junho de 2013

Mais uma vez, humano

Ai, por incrível que possa parecer, o tal humano passa a vida toda, que num momento de loucura inventaram dar a ele, correndo e correndo , lutado a cada dia. Trabalhando, estudando. Passando a maior parte de seu tempo preso numa cadeira em que mal pode fazer aqui pra terra pra fazer. Crescer, reproduzir. Só dá pra nascer, sentar, digitar, trabalhar e morrer. Não necessariamente nessa ordem. Seus discursos sempre são parecidos com: “Estou lutando agora para poder descansar depois”. Esse depois provavelmente só vai chegar quando for sua hora de morrer, ou quando nada de viver pode ser vivido novamente.
Vivem mais tempo de suas vidas em trens, ônibus, carros, aviões, navios ou qualquer que seja seus meus de transportes do que praticando aquele hobbie que tanto lhes dá prazer. E ainda desprezam quando um velho de algum outro país que resolveu viver a viajando e conhecendo cada coisa de cada canto novas pessoas, fazendo coisas incríveis ou não, fodendo-se ou não, morrendo de fome ou não. Vivendo. Tudo que querem é ser felizes, e plenamente felizes. Procurando deuses para isso. Dinheiro, trabalho, religião. Todos motivos falsos para ter a felicidade, para ser vivo. O que eles acreditam que seria só motivo para uma diversão momentânea, talvez devesse ser prolongado por mais tempo. Como se cada homem de meia idade com filhos e obrigações devesse entrar dentro de uma sacola e ser sacudido por um robô gigante. E depois repetir.
Falo diretamente pra você. Eu parei de ligar pro que estou escrevendo. Costumo gostar de escrever contos. Não quero mais nem saber. Tô nem ai. Vou escrever o que cair na telha. O que to sentido. Espero que no futuro eu possa olhar pra esse texto e dizer uma dessas coisas: “Aaah! Os jovens. Como é bom sonhar!”. “Quanta ladainha eu falava quando eu era jovem. Não conhecia nada do mundo.” Imagina se eu não tivesse seguido o que eu pensava quando eu escrevi esse texto. Onde estaria?”. “E como eu estaria de eu tivesse seguido esse pensamento. O que eu estaria fazendo agora?”. Mas acima de tudo, espero que no futuro eu veja crianças e jovens tão sonhadores quanto eu sou. É saudável. De verdade. Se pegar falando sozinho, dançando nu no meio da casa quando estou só, pensar que é um agente secreto numa missa de se aproximar de uma garota extremamente linda que você viu no metrô. Coisas  de jovens. Coisas que nunca devem acabar, sabe?
Esse negócio de envelhecer é um negócio complicado. Eu nunca sei quando é a hora certa para parar de fazer o que fazia a algum tmepo atrás. Ora. Deixe-me em paz. Fazendo o que eu quiser, ué. Tendo meu próprio ciclo de pensameto. Produzindo meu próprio “eu”. Criando um novo. Um dia a gente se encontra. Outra a gente se perde. E se acha novamente. Esse é o caminho irremediável da vida, feliz/triste. Um pouquinho de um, um bocadinho de outro. Viver buscando uma razão pro universo nunca foi tão legal. Tão “nós”. Tão “eu”. E ele vai. Vai achar o mundo. O mundo escondido em seus bolsos.
Nada mais é como antigamente. As coisas não querem mais ser parecido com o que já foi. Não é da moda. É Antigo. Mas o antigo é bom. É mais calmo. É mais vivo. O novo também. Pode ser calmo. Pode ser vivo. Mas depende  da alma calma e viva que o toca. Pode ter toda dor que já não tem mais. E pode ter toda ela. Não quero mais. E ai só continua sendo. Nem mais nem menos.  Ele. O sem senso. Mas não se dá a mínima para o caráter tão veloz que ele tempo. Essencialmente. Pode-se usá-lo com calma, mas sua essência é rápida. É Pressa. Vive por viver.
Viver. Quando ele vier
Deixa de viver quando ele deixa de vir.
E vem, não tem problema com isso
Mas vem rápido.
Deixa o gostinho de quero mais.
Deixa aquela sensação de que
não terminou de fazer tudo o que queria fazer
mas ai. Nem quer saber.
Quer terminar. Finalizar.
Não tem nem dó. Nem da Ré.
Não vemos o Sol
Basta só pensar sobre Si.
E somos enterrados Lá.

Espero que tenhamos vivido.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Título honorário de ranzinza


Seja qual for o seu estado de espírito, a pergunta essencial que você deve fazer a si mesmo é em que medida o curso dos acontecimentos casuais pode ser irônico com você. Isso é uma arte que somente nós humanos temos a mágica possibilidade de perceber. Eu pelo menos nunca vi um percevejo reclamando de como sua vida brinca de pula corda com as linhas de sua história. Mas vai saber... De um bicho que serve de desodorante para árvores pode se esperar tudo, até que ele passe o dia inteiro reclamando da vida por não ser considerado o mais fedido do reino animal. Mas opa! Não se esqueça que o título de reclamador honorário também é do ser humano, que por acaso vê nessas ironias só mais um enlace tramado por uma conspiração transcendental para tirar sarro com a cara de cada um dos meros mortais. O que é absolutamente implausível, visto que os membros dessa conspiração transcendental têm tanto tempo para desperdiçar que não seria um belo entretenimento para eles. Ora vejam só, já até cansaram de ficar simplesmente julgando quem foi bom ou mau para poder garantir quem vai passar a imortalidade inteira no paraíso fazendo estarrecidamente nada (o que por acaso parece ser o sonho de todos na raça humana, principalmente ali na terra do axé, meu rei!). O novo método de avaliação é saber quem conseguiu inventar mais absurdos sobre as coisas que eles próprios disseram ser o “bom” ou o “mau”. Quase sempre, os vencedores reencarnavam em animais quase tão absurdos quanto o que eles tinham afirmado serem “o caminho, a verdade e a vida”. Os mais memoráveis foram aqueles que afirmavam que esse tal caminho era um elefante. Outros chegaram a dizer que era um ser de seis braços. Outros que era um semideus nascido de uma mulher que nunca tinha transado que foi pregado num pedaço de madeira. Mas nenhum das reencarnações foi mais memorável que a daqueles que aclamavam ser o tal caminho, na verdade, a reencarnação desse mesmo homem pregado num pedaço de madeira uns dois milênios depois. Que bobos, os seres transcendentais não cometem o mesmo duas vezes, é lógico que um homem não reencarna em outro homem. Seria mais plausível se dissessem que ele teria reencarnado num percevejo.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Amor, o ridículo da vida.


O amor é o ridículo da vida.
A gente procura nele uma pureza impossível,
uma pureza que está sempre se pondo,
indo embora.
A vida veio e me levou com ela.
Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraíso que nos persegue:
Bonita e Breve, como borboletas, que só vivem 24 horas.
Morrer não dói.

(Cazuza)

domingo, 10 de março de 2013

Não sei exatamente como começar a escrever.
nunca fui o maior fã de luzes que se tem na vida
não que esteja dizendo que isso se trate um
mas talevez, sejam palavras escritas que formam
frases manjadas, até um pouco marcadas
que servem para expressar uma felicidade calma

E de onde surge essas experiências acessas na alma
como um raio rápido de luz, meigo como um canção
sussurrada no pé do ouvido daquele que você ama
aquele que você mais quer bem, e de todos os outros
tudo que você é tê-lo ali, dois corpos nus se tocando
cada um sentido o cheiro do suor de do outro

Mas não é só a felicidade de estar com quem você ama
é algo a mais, algo de superior, que acontece, ou pode acontecer
quado você simplesmente faz por que você sempre quis fazer,
da forma que você quer. Acaba que acontece de
mudar, mudar para algo bom, ou pelo menos é o que se acha.
querer ser melhor, uma inspiração para si próprio.

Eu escrevi isso escutando uma música que me recomendaram ontem
eu lacrimejei várias vezes, como um ponto de luz.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Pressa


Pressa
É o que tenho dentro do estomago
É o que impulsiona
Quem esqueceu o que fazer o que
Não deveria fazer ontem, mas fez
amanhã

Pressa
Que corre no pequeno pedaço de terra
do meu coração
Pressa que invade o sertão de meus
passados
E passa como se nada houvesse sido
O sido semântico sem sentido embutido
na pressa
Imbuído na próxima remessa
Dos olhos que já não podem enxergar

Pressa que mata numa rapidez
Frenética, e nem quer saber
Quem matou.
Não temos tempo para tanta sapiência
Enquanto a ciência
Pede paciência para um tempo que já
não foi. 

O noutro momento pede:
“Fale certo, meu eu senhor”
Vida tão curta essa
Tem-se mesmo que se ter pressa para
Para não cair nessa de
“fale sem pressa”
Sobre a felicidade que não lembro de
Viver e a vida que não lembro
De morrer.