sexta-feira, 26 de abril de 2013

Título honorário de ranzinza


Seja qual for o seu estado de espírito, a pergunta essencial que você deve fazer a si mesmo é em que medida o curso dos acontecimentos casuais pode ser irônico com você. Isso é uma arte que somente nós humanos temos a mágica possibilidade de perceber. Eu pelo menos nunca vi um percevejo reclamando de como sua vida brinca de pula corda com as linhas de sua história. Mas vai saber... De um bicho que serve de desodorante para árvores pode se esperar tudo, até que ele passe o dia inteiro reclamando da vida por não ser considerado o mais fedido do reino animal. Mas opa! Não se esqueça que o título de reclamador honorário também é do ser humano, que por acaso vê nessas ironias só mais um enlace tramado por uma conspiração transcendental para tirar sarro com a cara de cada um dos meros mortais. O que é absolutamente implausível, visto que os membros dessa conspiração transcendental têm tanto tempo para desperdiçar que não seria um belo entretenimento para eles. Ora vejam só, já até cansaram de ficar simplesmente julgando quem foi bom ou mau para poder garantir quem vai passar a imortalidade inteira no paraíso fazendo estarrecidamente nada (o que por acaso parece ser o sonho de todos na raça humana, principalmente ali na terra do axé, meu rei!). O novo método de avaliação é saber quem conseguiu inventar mais absurdos sobre as coisas que eles próprios disseram ser o “bom” ou o “mau”. Quase sempre, os vencedores reencarnavam em animais quase tão absurdos quanto o que eles tinham afirmado serem “o caminho, a verdade e a vida”. Os mais memoráveis foram aqueles que afirmavam que esse tal caminho era um elefante. Outros chegaram a dizer que era um ser de seis braços. Outros que era um semideus nascido de uma mulher que nunca tinha transado que foi pregado num pedaço de madeira. Mas nenhum das reencarnações foi mais memorável que a daqueles que aclamavam ser o tal caminho, na verdade, a reencarnação desse mesmo homem pregado num pedaço de madeira uns dois milênios depois. Que bobos, os seres transcendentais não cometem o mesmo duas vezes, é lógico que um homem não reencarna em outro homem. Seria mais plausível se dissessem que ele teria reencarnado num percevejo.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Amor, o ridículo da vida.


O amor é o ridículo da vida.
A gente procura nele uma pureza impossível,
uma pureza que está sempre se pondo,
indo embora.
A vida veio e me levou com ela.
Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraíso que nos persegue:
Bonita e Breve, como borboletas, que só vivem 24 horas.
Morrer não dói.

(Cazuza)